Wednesday, May 16, 2007


  • Olhar da Semana:
Erosão das praias.



Livros?
São capachos de Tomar
De forma rectângular
Tal qual
Portugal
Que se deforma
À beira mar!

Raul Traveira



Com a devida vénia se transcreve: - do “ Diário de Coimbra”, pág. 8 da secção Fala o Leitor a carta dirigida ao senhor director por Manuel Luís Pata publicada em 26 de Março, próximo passado, com o título: “ Erosão das Praias”:

Senhor director ‘ Permitam que me identifique Manuel Luís Pata, nascido à 82 anos na povoação da Gala (à beira do mar), Figueira da Foz e filho, neto e bisneto de marítimos. Também eu como os meus ascendentes, segui a vida do mar, onde aprendi a ser homem. O mar foi para mim um grande Mestre… E a vida que escolhi levou-me a conhecer novos horizontes!...

Vivi 20 anos em Moçambique. Cinco na marinha mercante e quinze na província da Zambézia, catorze dos quais a governar um dos navios da Sena Sugar Estates, o “ Mezingo”.

Além do meu serviço normal, prestei no rio Zambeze preciosos e gratuitos serviços ao Estado. Entre outros, recordo com muita tristeza, quando estive 20 dias com o meu navio nas operações de recolha de “ corpos de militares e recuperação de 22 viaturas” de uma coluna militar que no dia 21 de Junho de 1969 seguia num batalhão e se afundou no rio Zambeze, quando fazia a travessia da Chupanga para Mopeia, perecendo neste naufrágio 103 militares e 2 civis. Esteve a comandar estas operações o então Capitão do Porto do Chinde, sr. Comandante Fernando Manuel Loureiro de Sousa. Sou um simples cidadão que ama a sua Pátria. É esta a razão que me leva a lutar pelo bem do meu pobre País, que continua a ser destruído, não pela natureza, mas sim pelo ser humano!...

Qual a principal causa da catástrofe que se avizinha?

Depois da “ exemplar descolonização”, regressei à minha terra natal, aqui à beira-mar plantada e, a partir de 1992, passei a dedicar o meu tempo a escrever sobre a pesca do bacalhau, tendo concluído três livros e, ao mesmo tempo, a estudar a preocupante situação da erosão costeira, principalmente na zona centro.

Devido às grandes quantidades de areias (milhõe

s de m3) dragadas no porto de Aveiro e depositadas na Gafanha da Nazaré, para vender; as grandes quantidades dragadas na enseada de Buarcos, na barra, e na foz do Mondego e descarregadas na Murraceira, com o mesmo destino, além da que foi directamente transportada para Vigo, pelas próprias dragas… Na Praia da Figueira, há também muitos milhões de m3, retidas pelo molhe norte, além da já vendida.

Os molhes da barra da Figueira da Foz

Foram estes “Molhes” que provocaram a erosão das praias a sul da Figueira, e foi o “ Molhe Norte” que originou a sepultura da saudosa “ Praia da Claridade”, a mais bela do país. Embora seja de conhecimento geral, quão nefasto foi a construção de tais molhes teimam em querer acrescentar o “ Molhe Norte”, como obra milagrosa… Santo Deus! Tanta ingenuidade e tanta teimosia!... Quem defende tal obra, de certo sofre de oftalmia ou tem interesse no negócio das areias!...

É urgente contratar técnicos credenciados, de preferência Holandeses, para analisarem o precioso projecto elaborado pelo distinto Engenheiro Baldaque da Silva em 1913, do qual consta um Paredão a partir do cabo Mondego em direcção a Sul, a fim de construir um Porto Oceânico junto ao Cabo Mondego e Buarcos. Este Paredão, sim, será a única obra credível, não já para o tal Porto Oceânico mas sim para evitar que as areias vindas do Norte, se depositem na enseada, que depois a sucessiva ondulação arrasta-as e deposita-as na praia da Figueira, barra e rio.

A erosão da Costa da Caparica

Esta situação é, em parte, devida à extracção e venda das areias, conforme acima descrito. Sim, porque as areias não sendo seres vivos movimentam-se devido às correntes. A solução para este problema, não poderá ser resolvido simplesmente com areia. Necessita sim, de estacaria de madeira ou várias filas e, depois colocar pinheiros ou eucaliptos ao comprido com a própria rama entre a estacaria. Depois sim, a areia.

Penso que o facto de o mar atacar mais esta zona, poderá também ser devido à pedra q foi colocada à volta do Farol do Bugio. Como a área da ilhota aumentou, pode ter alterado as correntes na zona. Há sete anos o mar afundou cerca de três metros as praias da Cova Gala. Penso que o fenómeno se deveu a razões semelhantes… Os cientistas há muito que vêm alertando que os oceanos estão a subir… porém, a degradação da orla costeira deve-se na maior parte ao homem e não à Natureza… No entanto, neste degradado País, continuam a roubar as areias ao mar para vender… Até quando!!!...

Manuel Luís Pata
Figueira da Foz


  • Apreciação da sua obra:

De “A Lâmpada”

Órgão Trimestral do Instituto Neo-Pitagórico – Sede Mundial – Curitiba Paraná Brasil. Directores: Prof. Dr. Rosila Garzuze e Mety Bocila

Pág. 22 e 23, com o título: A Figueira da Foz e a Pesca do Bacalhau 2ª Edição 2002 de Manuel Luís Pata: Trata-se de uma obra de pesquisa profunda escrita com a colaboração de Gracília Cardoso Caetano do Carmo, apresentada em dois volumes. São “Achegas para a sua História”: o primeiro vai das origens até 1933; o segundo volume de 1934 a 1953. Centralizando na Figueira da Foz, Portugal, a sua escalada para a narrativa da epopéia da pesca do bacalhau, o autor apresenta um resultado primoroso de fundamentada pesquisa que abrange inconfundíveis caracteres históricos, geográficos e sociológicos que colocam no centro a acção do marinheiro português e da sua acção pelos mares. Não está em questão agora na valiosa obra de Pata o exercício de domar Gigante Adamastor, mas a confirmação da fé nos recursos do mar, e na continuidade do exercício da “teimosia” heróica de um povo que doma as rotas e as águas do mar, mas também continua a registrar os seus feitos, a compor a epopéia que continua. E assim, é o próprio autor

que confirma esta sublime obstinação, ao afirmar na abertura do preâmbulo do segundo volume: “Se tudo que nos rodeia não acontece por acaso, este trabalho não foge à regra”. A obra de Pata é a memória viva da relação íntima entre a Figueira da Foz e a pesca do bacalhau, um desafio em que a história de um povo continua a sua expressão no trabalho com os cenários e o mistério do mar. A.S.S.L.

“Figueira Olhar” Congratula-se e felicita vivamente o Sr. Manuel Luís Pata pelo seu acrisolado, muito nobre amor às suas dilectas terras: Gala e Figueira da Foz.
Aplaude o êxito da sua obra: “A Figueira da Foz e a Pesca do Bacalhau”, destacada referência nacional, internacional da Faina Maior, transmitindo-lhe as mais jubilosas e sinceras felicitações.

  • Olhar Fotográfico:
Imponente Cabo Mondego!





































































































































































































































Colaboração: Gresfoz


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